Hoje, quando por enésima vez num espazo político ouví aquilo de "tenemos que incluír aquí a los migrantes" pensei, por enésima vez, que nom poido ser reduzida a uma nota de cor, ou a uma apariència exótica.
Nom sou preta, porém, sou migrante.
Sou migrante, mas nom sou uma caricatura de migrante, como nom o somos nengúm. Sou migrante porque como xs migrantes, acho que hei de buscar uma felicidade allea ao sitio de onde sou; sou migrante porque como xs migrantes que vivem aquí, acho que esta cidade é minha, e também que nom o será nunca;
Sou migrante, porque naquel sitio, como axs migrantes, me reduzem a migrante quando dizem, por exemplo, "nom hai migrantes na sala" e me ocultan asim, fazendo una línha fronteiriza na que estou irremediàblemente fóra, na que nom sou ninguém.
Sou migrante porque na minha diáspora ouví escàrnios sobre o meu origem, sobre mim, sobre minha maneira de falar e fazer; porque nom sou quem de poder dizer todo isto a quem fai escárnio ou a quem diz que nom hai migrantes na sala.
Sou uma migrante sem ser, o que quer dizer que, baixo a minha apariência nativa, nunca sei como olhar.
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