quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Nunca ninguém morreu de insónia

Xs que tiveron a sorte de visitar Lisboa algunha vez na vida, probablemente coñezan a librería Bertrand, no barrio do Chiado Alto. Unha desas librerías que son monumentos que non se poden deixar de ver.
O ano pasado, estiven na librería Bertrand, e entre tooooda esa morea inmensa de libros chamoume a atención un título: "E nunca deixe de dançar". Case ó mesmo momento de agarralo, dinme conta que era un libro de autoaxuda, e decepcionada, a piques de deixalo no sitio (porque a min o que me vai é a literatura seria, faltaría máis) tiven o impulso de abrilo, e lin de casualidade, a modo de título dun capítulo, unha das mellores frases que ata entón non lera: "Nunca ninguém morreu de insónia".
Superado o trance de comprar avergonzada un libro de autoaxuda (porque a min o que me vai é a literatura seria, faltaría máis), leveino prá casa, e nestas horas eternas, fai de perfecta compañía. Sei que hai xente por aquí que, coma min, vive estas noites nas que molesta todo: os ruidos da rúa, a roupa da cama, os propios brazos e pernas, a espalda, a cabeza, os dentes!!!, nada atopa o seu acougo.
Aquí deixo uns párrafos que a min me foron (me son) especialmente útiles, e así, tan cedo, deixo feita a miña boa acción do día:
"Fui recentemente a uma reunião psiquiátrica num dos melhores restaurantes da nossa região (patrocinada, claro, por um laboratòrio farmacêutico), em que o tema era a insônia. Enquanto os meus colegas psiquiatras discutiam as suas abordagens ao problema, a ênfase foi dada exclusivamente à medicaçao que preferiam. Quando disse que normalmente direcciono a atençao do paciente para o que pode estar a causar os problemas de sono em vez de o iniciar inmediatamente em drogas viciantes, as pessoas olharam pra mim como se eu tivese sugerido um remédio do século XVII - o sangramento ou tal vez sanguessugas. Era evidente que receitar medicamentos pra pôr as pessoas a dormir era simplesmente a abordagem mais eficaz em termos de custo"
(...)
"Aqui está o paradoxo do sono: não podemos tê-lo até não ser importante para nós. Como é uma actividade voluntária , não pode ser forçada. Isso, é claro, é infinitamente irritante para aqueles que foram ensinados que tudo cede ante o trabalho duro e para quem o controlo é uma grande questão nas suas vidas. Na verdade, quanto mais tentamos dormir mais esquivo o sono se torna. Assim, a estratégia habitual dos insones -ficaren deitados na cama a olhar para o relóxio e a pensarem como irão estar cansados de manhã- garante practicamente que vão permanecer acordados"
(...)
"A importância de umas sólidas oito horas de sono por noite é um mito. Na verdade, a maioria das pessoas pode fincionar bem con muito menos, e os nossos corpos compensam o défice de sono antes de tombarmos de exaustão. Os fabricantes de medicamentos para dormir estão constantemente a avisar-nos que a insónia é um flagelo perigoso na sociedade, causa de muitos acidentes de viaçao fatais e uma praga para a productividade dos estudantes e dos trabalhadores americanos"
(...)
"Então aqui está o que digo ás pessoas: (1) a insónia não é um tema muito interessante de conversa; (2) podemos confiar no nosso corpo para garantir que dormimos o cuficiente para impedir o colapso; (3) não seremos capaces de dormir ata que o sono torne insignificante para nós. A melhor maneira de disminuir a importància do sono é não permanecer na cama acordado mais de trinta minutos de cada vez. Se não tiver adormecido nessa altura, levante-se e faça algo útil - ler, trabalhar, lavar o chão da cocinha... A pessoa, asim, apresenta ao seu corpo duas boas alternativas. dormir ou alguma actividade constructiva"
(...)
"Somos maravilhosamente feitos e os nossos corpos são miragres de regeneraçao e cura espontãnea. Tenha um pouco de confiança. Se tem dificultade de adormecer, aprenda a disfrutar da paz e da tranquilidade da madrugada, quando o telefone não toca, e ninguém está a enviar-lhe e mails. Leia aquele livro que há muito queria ler e confie no seu corpo para adormecer quando estiver suficientemente cansado. Se isso não funciona, introduza "insónia" num motor de busca do seu computador. Num abrir e fechar de olhos estará num grupo de discussão com um novo grupo de amigos".

Librería Bertrand en Lisboa, dende 1732. Pretiño de onde senta o señor Pessoa

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